Intitulada Percurso do Contrabando do Café/Ruta del Contrabando del Café, a iniciativa conta com o apoio do vizinho Ayuntamiento de Valencia de Alcántara, na província espanhola de Cáceres.

“Queremos mostrar o nosso destino turístico, os nossos percursos pedestres e esta iniciativa é tipo ´dois em um`, uma vez que homenageamos também os antigos contrabandistas desta região”, explicou hoje à agência Lusa Vítor Frutuoso, presidente do município de Marvão, no distrito de Portalegre.

De acordo com o autarca, a partida para a caminhada, com um grau de dificuldade média/alta, está agendada para as 09:00 de sábado, junto às instalações da antiga escola primária da aldeia de Galegos.

“Este percurso vai também contar com a participação de várias dezenas de caminheiros espanhóis. Os nossos ´vizinhos` são grandes entusiastas deste tipo de iniciativas”, acrescentou.

As localidades de Galegos e de Pitaranha, do lado português, e La Fontañera, da parte espanhola, são alguns dos lugares da raia incluídos no percurso, antigamente utilizado no contrabando do café.

Com esta iniciativa, a Câmara de Marvão pretende dar a conhecer uma zona de “extraordinária beleza natural e paisagística”, com passagens por pequenos aglomerados urbanos, historicamente ligados ao contrabando.

Por outro lado, o município quer “preservar a memória coletiva e intemporal" daquilo que foi o contrabando como “património cultural" das gentes da raia luso-espanhola.

Uma atividade de alto risco que sustentou muitas famílias

Em Marvão, o contrabando foi, durante vários anos, o principal sustento para muitas famílias, principalmente o de café, devido à existência de pequenas torrefações no concelho.

Esta atividade de alto risco realizava-se, essencialmente, durante a noite, para que fosse mais fácil escapar às patrulhas de guardas e carabineiros, que controlavam a fronteira entre os dois países.

Vítor Frutuoso recordou que a torrefação de café foi, em tempos, uma atividade “muito poderosa” para a economia local, sendo esta uma recordação que o município quer “perpetuar” no tempo.

Os caminheiros vão ser “brindados” à partida com uma degustação de migas de pão com carne de porco frita, além do “café do contrabandista”.

Para o final do percurso, está previsto um almoço convívio entre os participantes.