No total, contabilizaram-se 758 328 de passageiros de cruzeiros, mais 54% do que em 2022, ultrapassando o anterior recorde que datava 2018, ano que registou 577 603 passageiros de cruzeiro.

O número de passageiros em trânsito atingiu os 554 324, um crescimento de 37%, face a 2022. Já o segmento turnaround totalizou 204 004, um aumento de 131%, em comparação com o mesmo ano, com a contabilização de 102 680 passageiros embarcados e 101 324 desembarcados

83 milhões de euros de impacto económico direto

De acordo com o Estudo de Impacto Económico da Atividade de Cruzeiros em Lisboa, promovido pela APL, em parceria com a LCP e realizado pela Netsonda e a Nova SBE, um passageiro embarcado gasta em média em Lisboa 367 euros e um passageiro em trânsito 82 euros. Considerando que em 2023 embarcaram no Porto de Lisboa 102 680 passageiros e estiveram em trânsito 554 324, isso significa que a atividade de cruzeiros gerou mais de 83 milhões de euros de impacto económico direto.

A propósitos destes números, o Presidente do Conselho de Administração do Porto de Lisboa (APL), Carlos Correia, destaca que “o ano de 2023 foi, indiscutivelmente, o melhor de sempre da atividade de cruzeiros em Lisboa, o que reflete o sucesso da estratégia de valorização e qualificação da indústria de cruzeiros na capital portuguesa coordenada pela APL e pelo concessionário.”

“Estamos perante excelentes notícias para o desenvolvimento económico-social de toda a região, com a boa notícia adicional que foram os resultados do estudo ambiental relativo aos cruzeiros em Lisboa, realizado para a APL pela CLIA - Associação Internacional de Linhas de Cruzeiros, em parceria com o Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Rovira i Virgili (Tarragona, Espanha). Recordo que esse estudo revela que os níveis de concentração de poluição na capital portuguesa não são influenciados de forma significativa pela atividade de cruzeiros. A acrescer o facto do Porto de Lisboa continuar a trabalhar no processo de eletrificação do terminal de cruzeiros para mitigar tanto quanto possível os impactes ambientais da atividade de cruzeiros”, sublinha ainda Carlos Correia.

O estudo atrás referido analisou os níveis de dióxido de nitrogénio (NO2), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO) e material particulado (PM10).

De acordo com os dados analisados, qualquer contribuição dos navios de cruzeiro para o aumento dos níveis locais de vários poluentes atmosféricos como o SO2 e o PM10, é muito limitada. Em termos de quantidade de monóxido de carbono e de ozono na qualidade do ar local, o impacto da atividade de cruzeiros revela-se mesmo insignificante.

Mesmo com um tráfego de navios muito superior ao que o Terminal de Cruzeiros de Lisboa pode acomodar, os resultados para os níveis de NO2 teriam uma classificação “razoável” ou “moderada”, de acordo com o Índice de Qualidade do Ar (IQA) da Agência Europeia do Ambiente (AEA).

Segmento de turnaround com crescimento exponencial

Ao fazer o balanço de resultados de 2023 na atividade de cruzeiros em Lisboa, o segmento de turnaround foi o que mais se destacou, expondo a crescente procura de Lisboa por parte dos operadores para realizarem grandes operações.

A 30 de julho registou-se a maior operação de turnaround de sempre no Porto de Lisboa, com um total de 9 163 passageiros, dos quais 4 476 embarcados e 4 687 desembarcados.

Em média, embarcaram e desembarcaram 1 624 passageiros por cada escala de turnaround, quando em 2022 este valor foi de 629 passageiros.

Mais escalas

O balanço positivo estende-se ainda ao número de escalas. Realizaram-se 347, mais 20 do que em 2022. Também as escalas em turnaround registaram um novo recorde, 107, ultrapassando o máximo absoluto das 103 escalas contabilizadas no período homólogo.

Aos novos valores máximos juntam-se ainda 24 navios que escolheram o Porto de Lisboa para primeira escala, o maior número alguma vez somado. Destas embarcações, 9 estavam a realizar a sua primeira viagem, e 4 delas passaram por Lisboa em viagem inaugural.

Principais mercados emissores

A Europa continuou a ser o principal mercado emissor dos passageiros que visitaram Lisboa em 2023, com o Reino Unido a destacar-se como mercado predominante, com 38% (286 305) do total.

O segundo lugar, que até aqui pertencia ao mercado alemão, passou a ser detido pelos Estados Unidos da América (EUA) que registou um crescimento de 116% e passa a deter uma quota de 20% de passageiros de cruzeiros (149 233) face aos 14% de 2022.

O mercado alemão, apesar de ter registado um crescimento de 14%, passa a ocupar a terceira posição, responsável por 15% dos turistas de cruzeiros em Lisboa.

O Canadá fica em quatro lugar, com 34 085 passageiros (+172%) e com uma quota de mercado de 4%.

Na quinta posição, com 28 025 passageiros, encontra-se Portugal, que registou um crescimento de 68% e manteve o mesmo lugar face ao ano anterior.

No que diz respeito ao segmento de turnaround, a liderança pertence ao mercado dos EUA. Com um crescimento de 204%, os passageiros americanos embarcados e desembarcados no Porto de Lisboa passaram de 28 355, em 2022, para 86 124, em 2023.

O navio de cruzeiro mais sustentável do mundo escalou Lisboa

Por último, destaque para o facto de o Porto de Lisboa ter recebido em 2023, na sua viagem inaugural, o cruzeiro mais sustentável da atualidade, o Silver Nova. Trata-se de um navio que dispõe de fontes de energia híbridas, uma novidade na indústria, o que faz com que, em porto, alcance as zero emissões nocivas.

Este é um dos investimentos que as empresas do setor dos cruzeiros continuam a fazer em novos navios e em tecnologias verdes, com o objetivo de alcançar o “Global Net-Zero” até 2050, ou seja, zero emissões de gases com efeito de estufa.

Para os próximos cinco anos, os membros da Associação Internacional de Linhas de Cruzeiro anunciaram investimentos de 23 mil milhões de euros em novos navios, num forte compromisso com a sustentabilidade, e a descarbonização.

Por outro lado, até 2026, vários portos vão investir no fornecimento de energia elétrica aos navios de cruzeiro, com vista a contribuir para eliminar todas as emissões de CO2 nos portos até 2030. No Porto de Lisboa, esta transição para a energia elétrica é esperada até 2026.