Bilhete-postal enviado por Marta Barbosa

Sabem quando pedimos a um transeunte para nos tirar uma foto? É claro que não conhecemos os dotes artísticos e fotográficos do Sr. Transeunte, mas no mínimo exigimos que a fotografia tirada esteja focada e centrada. Mas esta não é a história que tenho para contar.

A minha pequena aventura começou quando viajei para Londres, mais precisamente em Camden Town. Sendo um dos bairros mais famosos de Londres, Camden Town era um local de passagem obrigatório no roteiro. De antemão sabia que seria um dos locais de eleição para comprar as lembranças e os pedidos especiais dos amigos, pois os preços eram mais apelativos e os comerciantes gostavam de regatear os preços. Confesso que não sou pessoa de regatear, nunca tive jeito para andar a “pedinchar” preços e ofertas especiais nem gosto de o fazer.

Um dos pedidos especiais era a camisola do Chelsea. Cheguei a Camden Town com a certeza de que sairia de lá com a camisola. Dediquei-me a 100% a analisar as lojas de lembranças que existiam, procurando sempre o melhor preço e negócio. Fiz boas compras, tão boas ao ponto de acordar a regateadora que havia em mim.

A verdade foi que o tempo passou a voar enquanto lá estive e sem dar por isso, estava a anoitecer e as lojas estavam a fechar. Reparei que me faltava a prenda mais importante: a camisola do Chelsea. Num ápice apressei-me a procurar a camisola de loja em loja. Das poucas lojas que estavam abertas, umas não tinham a camisola, outras tinham um preço demasiado elevado para o que estaria disposta a pagar.

Entrei na última loja e perguntei pela camisola. E lá estava ela, perfeita como a tinha imaginado. Quando perguntei pelo preço, a perfeição esvaneceu instantaneamente, “£65” disse o vendedor. Era demasiado cara. Só havia uma coisa a fazer: acordar a regateadora que minutos antes timidamente se tinha mostrado. Foi então que começou um diálogo explosivo de negociações. Finalizei com “£30”. O vendedor, muito provavelmente com vontade de fechar a loja e ir embora, mandou a toalha ao chão e disse que por £25 a camisola era minha.

Afinal compensa regatear pensei para mim. Estava na altura de pagar. Peguei no porta-moedas e comecei a contar o dinheiro que restava, £23.70 era tudo o que tinha na carteira. Fiquei estática a olhar para o vendedor com o dinheiro mão. Como podia não ter confirmado o dinheiro que tinha antes de embarcar neste jogo emocionante? Não podia acreditar que ia tudo por água abaixo, não ali, não naquela altura. Sinto uma mão agarrar a minha. Era a mão do vendedor, “Vá fica assim!” disse em tom desesperado. Estava feito. A camisola era minha, uma venda impossível e um negócio bem-sucedido ditaram o fim desta aventura. Só nos restou sair dali a correr para o comboio. Quanto ao Sr. Transeunte, fica também registado nesta aventura como sendo o pior fotógrafo com o qual nos deparámos na viagem.