O encontro "Nuisances Nocturnes: les citoyens europeénes se mobilisent" (Perturbações noturnas: os cidadãos europeus mobilizam-se, em tradução livre) decorre na capital francesa no dia 31 de maio e conta com a participação da AMBA, à semelhança da edição anterior.

O tema da intervenção portuguesa será a asfixia dos moradores perante o turismo, que a associação considera ser promovida pela Câmara, pelo Governo e pelo Turismo de Portugal afirmou à Lusa o presidente da AMBA, Luís Paisana.

Segundo o responsável, a gestão do turismo está a ser feita "sem muitas regras, um liberalismo um bocadinho exagerado", e o crescimento deste fenómeno está a levar a um despovoamento da capital.

Outra das consequências apontadas é a “descaracterização da própria cidade de Lisboa e dos seus bairros, que começam a perder aquelas características que no fundo os turistas vêm à procura: o contacto direto com a população, a roupa estendida, as tascas", referiu.

Na opinião do líder da AMBA, também "está em causa" o comércio tradicional e a qualidade de vida dos moradores, assim como o aumento dos preços de bens e serviços.

Quanto à noite, Luís Paisana faz o contraste entre Lisboa "onde é permitido consumir álcool, fazer ruído sem qualquer problema", e cidades como "Amesterdão e Londres, onde é proibido o consumo de álcool na via pública". Para a AMBA, isto "constitui um atentado ao direito fundamental ao descanso e ao sono" dos moradores.

Quanto à reunião em Paris, a associação planeia informar o gabinete do vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Duarte Cordeiro, quanto a experiências e medidas que possam ser adotadas na capital.

"Todas as experiências que vamos obtendo vamos passando à Câmara, sem grande impacto até agora", disse o representante, ressalvando, porém, que espera "uma abertura" por parte do município e também do Governo.

A AMBA pede a regulação dos "fenómenos do turismo, sobretudo à noite, e tentar um equilíbrio entre a vida noturna, o comércio noturno e os residentes que sofrem todos os dias".

Para isso, a associação integra também um grupo de trabalho que junta o município, a Junta de Freguesia da Misericórdia, associações de moradores e comerciantes e investigadores e que visa "encontrar equilíbrios, medidas e alterações" que possam "preservar o património imaterial, que são os moradores, e o património imaterial, que vai sendo destruído".

A par de associações de várias regiões de França, estarão representadas instituições de Bruxelas (Bélgica), de Itália e de Barcelona (Espanha).

Segundo Luís Paisana, os responsáveis internacionais não mostram "muita sensibilidade, até porque os outros países não têm este problema da noite tão grave como Lisboa tem". O responsável afirmou que provocou "algum espanto" na última reunião em que participou, quando mostrou fotografias da noite de Lisboa e das "discotecas na rua".

"Nestes países os fenómenos são grupos de jovens que andam na rua com garrafas a beber, mas não há estas aglomerações que vemos em Lisboa. [Os responsáveis internacionais] não imaginavam que isso fosse possível num país europeu, numa cidade europeia", sustentou.

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