A crescer numa das zonas mais centrais e movimentadas da capital cabo-verdiana, as obras do empreendimento turístico da praia da Gamboa e ilhéu de Santa Maria, do empresário macaense David Chow, atraem diariamente dezenas de curiosos ao local, desde que começaram, em abril.

Amarílio Timas Anjos nasceu em Angola há 49 anos, mas vive desde os sete na cidade da Praia, capital de Cabo Verde. Técnico de construção Civil, já trabalhou em várias empresas cabo-verdianas, mas neste momento está desempregado.

Talvez por isso, aproveite para dar um pulo quase todos os dias à Avenida de Cuba, onde a menos de 10 metros do estaleiro é um dos muitos que diariamente param para ‘espreitar' as obras daquele que será o maior empreendimento privado no país.

Com um investimento estimado em 250 milhões de euros, o complexo turístico vai ocupar uma área de aproximadamente 153 mil metros quadrados e inclui, além de um empreendimento turístico de luxo, um casino.

A expectativa é que venha a gerar 2.100 postos de trabalho diretos e a receber diariamente 12 mil pessoas nos setores do comércio, lazer, desporto e cultura.

"Venho aqui umas quatro ou cinco vezes. Gosto muito de acompanhar esta obra visto que fiz uma formação em construção civil em 2008, por isso tenho a curiosidade", disse Amarílio à agência Lusa, considerando tratar-se do "projeto do século", que vai trazer grande impacto a nível social e económico a Cabo Verde.

Sentado à sombra de umas acácias, Amarílio não se incomoda com o barulho das máquinas, com a poeira, nem com o mau cheiro que se exala nas redondezas, onde muitos transeuntes ainda fazem as necessidades fisiológicas a céu aberto.

"Acompanho assim mesmo porque tenho curiosidade", vincou.

Fascinado com a inovação dos chineses que compactam a terra na praia, assegura que os cabo-verdianos terão muito a aprender para mais tarde poderem ser eles a fazer esse tipo de obras.

Alguns metros à direita, também à sombra, Manuel Barbosa, 59 anos, é outro curioso que não tira os olhos do movimento das máquinas, da saída e entrada de camiões carregados de terra e pedra e do frenesim de dezenas de trabalhadores na praia da Gamboa.

"Não dá para contar, mas já vim cá muitas vezes porque gosto de construção e de ver a evolução da obra no dia-a-dia", disse à Lusa Manuel Barbosa, empresário natural da ilha do Fogo, mas que vive há vários anos na cidade da Praia.

"É um investimento muito bom para Cabo Verde e que vai ter grande sucesso económico" e "atrair mais investidores estrangeiros ao país", prosseguiu, destacando a presença de muitos trabalhadores cabo-verdianos na obra que ainda está na sua fase inicial.

Apesar de se mostrar incomodado com o cheiro nauseabundo no local, Manuel Barbosa não deixa de passar todos os dias para seguir o andamento dos trabalhos.

O empreendimento, que agora gera muita curiosidade, começou por atrair muita polémica e contestação, com um grupo de ativistas a ocupar o ilhéu para tentar impedir o arranque das obras e o projeto a ser alvo de uma queixa junto do Ministério Público.

A denúncia apresentada pelo antigo bastonário da Ordem dos Arquitetos cabo-verdianos Cipriano Fernandes acabaria por ser arquivada.

Amarílio Anjos e Manuel Barbosa entendem que a contestação é legítima, mas afirmam que uma obra desta envergadura é sempre bem-vinda para Cabo Verde.

"As pessoas contestaram mas acho que não estavam a ver as coisas da forma como deve ser, porque um investimento deste tipo é muito bom para Cabo Verde e devem fazer mais para atrair mais investidores deste tipo ao país", terminou Manuel Barbosa.

O empreendimento turístico integrado do Ilhéu de Santa Maria e da Gamboa, que deverá ficar pronto em três anos, é o projeto mais emblemático a nível empresarial chinês em Cabo Verde, que durante quatro décadas teve uma cooperação com a China mais a nível governamental.

Mas o país quer alterar o paradigma de relacionamento e apostar em parcerias empresariais para captar mais investimento privado chinês.

Foi essa abordagem que a delegação cabo-verdiana, liderada pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, levou ao Fórum Macau de cooperação entre a China e países lusófonos, que termina hoje em Macau.

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