No projeto "Transformar a TAP numa companhia aérea mais eficiente", a que a Lusa teve acesso, a Boston Consulting considera que os custos da TAP estão numa boa posição quando comparados com as companhias de bandeira, mas precisa de ser mais eficiente para competir com as de baixo custo.

Nesse sentido, aponta as "oportunidades" para reduzir os custos da transportadora, sendo que um terço da poupança - entre 50 e 70 milhões de euros - é alcançado na categoria dos pilotos e tripulantes, com a renegociação de acordos de empresa e o ajustamento do número de assistentes de bordo ao mínimo exigido por voo.

A segunda maior poupança proposta pela consultora, num valor entre os 40 e os 65 milhões de euros, resultaria de cortes nos serviços aos passageiros - como por exemplo no 'catering' (refeições a bordo) - e poupanças na área comercial, com a renegociação de taxas e incremento das vendas diretas.

Na análise da consultora também o negócio da Manutenção e Engenharia pode ser mais competitivo do que é hoje, pondo a hipótese de uma maior externalização de serviços, o que permitiria poupanças entre os 20 e os 30 milhões de euros.

Ao nível do 'handling' (serviços de assistência em terra), a Boston Consulting 'consegue' uma redução de 10 a 20 milhões de euros até 2020 através da renegociação do contrato com a Groundforce e reforço do 'self service' sobretudo no 'check-in'.

As possibilidades de poupança no 'handling' existem sobretudo no aeroporto de Lisboa, defende, realçando que "o custo do contrato com a Groundforce é 30% mais caro do que com a Portway".

Há ainda a referência às taxas aeroportuárias, com a consultora a considerar a possibilidade da companhia liderada por Fernando Pinto conseguir renegociar os preços cobrados pela ANA - Aeroportos de Portugal, getsora dos aeroportos nacionais.

De acordo com o diagnóstico realizado pela consultora que já tinha em Portugal realizado estudos sobre o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, o 'calcanhar de Aquiles' da estrutura de custos da TAP está nos voos mais curtos, porque "no longo curso, a TAP está bem posicionada, quando comparada com as companhias de bandeira, como a British Airlines ou a Emirates".

"A TAP precisa de reduzir os custos sobretudo no médio curso, que é claramente não competitivo com as empresas 'low cost' [de baixo custo]", defende o documento que está ainda numa fase inicial, seguindo-se agora uma etapa em que a consultora vai "detalhar os impactos e requisitos dos caminhos para eficiência".

Contactada pela Lusa, fonte oficial da companhia disse que "a TAP trabalha com vários consultores para explorar caminhos e oportunidade de melhoria", explicando que "este documento é exploratório e comparativo da TAP com outras companhias do mercado".

"Nenhum caminho ou ideia foi ainda aprovado e há várias hipóteses que já foram excluídas e não se aplicam à realidade da TAP", realçou fonte oficial da TAP.

O processo de privatização da TAP está em curso, com o acordo de compra e venda de ações da TAP, assinado pelo Governo de António Costa e que permite ao Estado ficar com 50% de ações da transportadora aérea, a ter recebido luz verde da Autoridade da Concorrência, faltando ainda a reestruturação da dívida com a banca e a aprovação pelo supervisor da aviação (ANAC).

Neste modelo, o consórcio Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman, fica com 45%, podendo chegar aos 50% com a aquisição de 5% do capital que será entretanto colocado à disposição dos trabalhadores.

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