Se está na altura de começar a planear as suas viagens para 2018, fique a conhecer alguns destinos que podem ser evitados, quer seja pelo excesso de turismo, por estarem ameaçados, por serem uma ameaça ou por uma questão ética. Lembre-se que viajar de forma sustentável deve ser uma preocupação de turistas e viajantes.

Amesterdão, Holanda

Com uma população de 800 mil habitantes e uma média de 5 milhões de visitantes por ano, a capital holandesa está a tentar travar o fluxo de turistas que invadem a cidade, provocando barulho, confusão e degradação do património.

Algumas medidas implementadas passam por não permitir a construção de novos hotéis em várias zonas da cidade e por limitar o número de dias que se pode alugar uma casa no Airbnb. O gabinete de Turismo da cidade viu também o seu orçamento a ser cortado em 20%.

Felizmente, uma viagem a Holanda não tem de passar, obrigatoriamente, por Amesterdão. Porque não conhecer também a segunda cidade, Roterdão, a simpática Utrecht ou até a "Veneza do Norte", onde as estradas são canais?

Barcelona, Espanha

Além de ser o epicentro da crise política vivida na Catalunha, a cidade de Barcelona está a enfrentar um outro problema: o excesso de turistas.

Com manifestações dos residentes contra a enchente de visitantes e medidas já tomadas pela Câmara Municipal, a cidade catalã está na linha de frente do combate ao crescimento desenfreado do turismo de massa. Os habitantes de Barcelona chegaram mesmo a eleger o turismo como o principal problema da cidade, à frente do desemprego.

A Câmara Municipal aprovou uma lei que visa limitar o alojamento disponível na cidade, bem como impedir a abertura de novos estabelecimentos hoteleiros em certas zonas.

Apesar de tudo, Barcelona é uma cidade cheia de encantos, mas pode também surpreender-se com Valência e o seu ambiente descontraído.

Dubrovnik, Croácia

A “pérola do Adriático” viu a sua popularidade crescer de ano para ano desde o início da famosa série de televisão “A Guerra dos Tronos”. Até que em agosto passado, o número de visitantes diários à cidade medieval bateu um recorde assustador: 10.500.

A vida pode ficar mais difícil para quem quer conhecer o cenário real de King’s Landing, uma vez que o novo presidente da Câmara quer limitar o número diário de turistas para 4 mil. No plano, que deverá ser implementado nos próximos dois anos, uma das medidas cruciais é impedir a chegada de cruzeiros ao porto de Dubrovnik. Num só dia, estes barcos são responsáveis por trazer cerca de 7 mil pessoas à cidade.

Para os que ainda querem conhecer a Croácia, o país guarda muitos outros encantos, como Opatija, a pérola esquecida do Adriático, Zadar ou Sibenik, Split, além do incrível Parque Nacional dos Lagos de Plitvice.

Veneza, Itália

A terceira cidade mais visitada de Itália, atrás de Roma e Milão, tem se manifestado contra o turismo de massa que causa transtornos aos habitantes locais e ameaça o património único de Veneza.

A cidade tem, atualmente, 55 mil residentes e recebe mais de 70 mil visitantes por dia.

Os navios de cruzeiro são um dos problemas uma vez que descarregam todos os dias milhares de pessoas na cidade. No início de novembro, foi aprovada uma lei que proíbe, a partir de 2021, a passagem de cruzeiros com mais de 55 mil toneladas pela Praça de São Marcos. Os cruzeiros vão passar a atracar em Marghera, mais longe dos canais de Veneza.

Sabemos que Veneza é irresistível, mas existem tantas outras experiências que podemos viver na bela Itália.

Parque Nacional Ao Phang Nga, Tailândia

A Tailândia é um dos destinos mais procurados do sudeste asiático e é o cenário perfeito para umas férias paradísicas. O problema é que o excesso de turismo está a prejudicar várias praias e ecossistemas marinhos do país.

Um dos exemplos é o Parque Nacional Ao Phang Nga que está a tentar recuperar de muitos estragos: turistas que alimentam os peixes, recifes de corais poluídos, pesca ilegal, entre outros.

Durante este ano, a Tailândia já havia encerrado mais de um terço dos parques nacionais para que estes conseguissem recuperar e equilibrar o ecossistema.

Se, ainda assim, não consegue resistir à beleza tailandesa, veja aqui as ilhas e praias mais paradisíacas do país, algumas ainda sem enchentes de turistas.

Myanmar

Este país do sudeste asiático entrou nos radares turísticos há alguns anos e tem sido um destino bastante procurado pelos seus lugares fantásticos e pelo seu misticismo. No entanto, a perseguição à minoria muçulmana Rohingya não pode ser ignorada. A situação, que não é nova, teve uma escalda de violência durante este ano, entrou na agenda mediática e tem sido denunciada por várias organizações.

Milhares de rohingyas estão em fuga de Myanmar, a maioria procurando ajuda no país vizinho, Bangladesh. Limpeza étnica ou genocídio já foram usados para caracterizar esta perseguição.

Por uma questão de defesa de direitos humanos, não é recomendado visitar Myanmar enquanto esta situação continuar a fazer manchetes quase todos os dias.

Taj Mahal, Índia

Se contemplar a elegância branca do mausoléu indiano faz parte dos seus planos de viagem, é melhor deixar para 2019. Isso porque em 2018 o Taj Mahal vai passar por obras de restauro que implicam envolver a cúpula e quatro minaretes numa “máscara” de lama com o objetivo de retirar a coloração amarela que está a manchar o edifício.

Monte Everest, Nepal

Os amantes de escalada que sonham em chegar ao topo da montanha com maior altitude do planeta podem começar a pensar duas vezes, uma vez que várias condicionantes estão a deixar esta missão cada vez mais impossível.

Para começar, os custos. Se nunca pensou nisso, saiba que não fica nada barato partir numa expedição para escalar o Everest: entre 20 a 40 mil euros é quanto terá de reembolsar. Além disso, quem parte nesta empreitada tem de estar preparado para os perigos do percurso – a montanha já ceifou a vida a seis pessoas este ano.

As alterações climáticas podem fazer com que o Monte Everest torne-se ainda mais perigoso, com o aumento do risco de avalanches. Se esta sempre foi a sua aventura de sonho, é melhor pensar duas vezes. Existem muitos outros destinos para os viajantes aventureiros.

Honduras

Tem praias paradisíacas, ótimos “spots” de mergulho e vida marinha fantástica. É ainda um dos países mais acessíveis da América Central, banhado pelo irresistível mar das Caraíbas.

Tudo isso funcionaria como um convite irrecusável para pôr este destino na sua lista de próximas viagens, não fosse uma situação preocupante. O país tem uma das maiores taxas de homicídios do mundo, a juntar a este dado, a falta de confiança nas forças policiais, muitas vezes acusadas de excesso de violência, fazem deste um destino a evitar.

Galápagos, Equador

O arquipélago das Galápagos é um dos locais mais incríveis do mundo no que toca à vida selvagem e natural, com espécies que só existem nestas ilhas. Anos de isolamento fizeram com que estas espécies ficassem mais vulneráveis a influências externas. O governo equatoriano já impôs limites e regras aos turistas que visitam as Galápagos mas muitos deles não respeitam e podem causar danos irreversíveis num ecossistema único.

Por sorte, existem muitas outras ilhas por este mundo fora que podem entrar numa lista de viagens.

Machu Picchu, Peru

A cidade Inca do século XV, que encanta viajantes do mundo todo impôs, este ano, limitações ao número de turistas para assegurar a conservação daquele que é um dos locais mais procurados do Peru.

Quem quiser visitar a cidadela no meio das montanhas tem comprar um bilhete para o período da manhã ou para o período da tarde. O objetivo é evitar que o local receba multidões, uma vez que Machu Picchu não foi feita com este propósito e o excesso de visitantes representa um risco para este local histórico.

O excesso de visitantes – quase 3 milhões por ano – fez com que as Nações Unidas colocassem Machu Picchu na lista de locais em risco.

Se vai passar pelo Peru e quer apreciar vida selvagem, não deixe de incluir no seu roteiro uma passagem pelas Islas Ballestas.